Um dia foi criada, pelos seres superiores, a imaginação. A imaginação humana surgiu para ser uma forma constante de os deuses lembrarem os humanos de sua ínfima forma e que de nada adiantariam esforços para mudá-la. Eles intencionaram dar aos humanos - comuns, impetuosos e cheios de paixão - a criatividade e a imaginação para infringir-lhes dor, pesar, ressentimentos e sentimentos de mágoa aos superiores, pois ao colocá-los expostos à beleza e plenitude da liberdade, e de vislumbres tão belos que os olhos mal ousariam olhar, logo seriam remetidos à dura e cruel realidade, sendo tal diferença brusca a ponto de fazer sentimentos adversos manifestarem-se. Porém não foi assim que aconteceu e os humanos de nada se ressentiram, muito pelo contrário! Usaram como presente tal ferramenta, como uma dádiva lúdica que servia para lembrá-los de que possuíam um pouco de deuses, que poderiam transportar-se aos céus a qualquer momento a fim de aguardar o momento em que seriam convidados a lá habitar. Foi assim que os humanos ganharam, ironicamente, o privilégio de sonhar.
