Meus.

Meus.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Cotoca

Depois do sábado na cozinha marcamos uma pequena viagem para o domingo. Acordamos de madrugada (8hs) e encontramos os meninos no Parque Arenal, ao lado do Mercado Los Pozos. Além de Hugo, Stuart e Jack estava Mark. Mais um mochileiro??? Sim, mais um mochileiro, mas esse nao é um mochileiro qualquer...
Mark era do exército americano, chefe de uma tropa de 15 homens no Iraque!!! Lutou por 3 anos lá, até fim do ano passado, quando pediu afastamento - nao verbalizou o porque, mas ficou bem claro que foi pelas cicatrizes que esse período deixou. Voltou para casa, ficou lá por 2 meses, comprou uma moto e saiu pelas Americas afora... Veio descendo desde os Estados Unidos até o extremo sul, já chegou ao Uruguai, passou pelo Brasil, pela Colômbia, Venezuela, Equador, Jamaica... Uns trechos voou, despachou sua moto por transportadora, mas a grande maioria do trajeto veio pilotando. Tive a sorte de conhece-lo. Sorte sim, mesmo sendo contra-guerra e quase tendo saído no tapa com ele por ter dito isso, nuuuuunca na minha vida pensei que iria trocar experiencias com alguem dessa realidade!!! E que realidade, caramba. Nao tinha reparado, mas o Stuart me chamou a atençao ao fato de que quando uma bombinha ou fogo de artifício estourava os músculos dele contraíam-se todos, ficava tenso, olhando para os lados... Mas mesmo com toda essa experiencia traumatizante é doce, extremamente fácil de se conversar, calmo, inteligente pacas... Novamente digo que foi sorte minha conhece-lo.
Bom, partimos de Santa Cruz às 9:30hs, demoramos um pouco pois andamos por todo o mercado, infelizmente... Ok, nao é tao diferente de um mercado ou uma feira brasileira, que tambem tem carne exposta, mas lá foi diferente, as galinhas estavam inteirinhas, uma delas até com UM OVO dentro!!! Cabeças de porco??? Umas cinco por barraquinha. Bois?? Inteiros. Nao sei se é coisa da minha regiao, mas nunca tinha visto tal show de horrores... hahaha. Chegamos em Cotoca, a cidadezinha vizinha, 10:30hs e qual minha surpresa que o maior atrativo de lá é a igreja católica... E que aos domingos há uma enorme romaria, missa em latim e benzimento de carros. Imersos nesse clima passamos a manha inteira e começo da tarde observando as pessoas, ouvindo as explicaçoes do Hugo sobre o que estava acontecendo e, ocasionalmente, fazendo comentarios sarcasticos sobre uma coisa ou outra. Nao faltamos com respeito em momento algum, mas éramos um grupo composto inteiramente por 'nao religiosos' (leia-se: nao praticantes ou adeptos de essa ou aquela religiao, nao necessariamente céticos, agnósticos ou algo do tipo), portanto foi algo absolutamente cultural. Exceto no momento em que fomos acender velas que nos garantiriam um pedido, pois o Mark nos subornou... quer dizer, nos convenceu a pedir à virgem que ela consertasse sua moto - e para constar deu certo! Subimos na torre da igreja e aguardamos o momento do soar dos sinos. Exato meio dia apareceu um rapazinho franzino, duns 17 ou 18 anos, que agarrou as cordas ao mesmo tempo e começou a tocar! Apesar de quase ter ficado surda, foi incrível escutar a melodia que ele tirava daqueles tres sinos, a forma com que ele iniciou devagarzinho e foi aumentando a intensidade, modificando os sons, enfim... 15 minutos de intensa vibraçao em meus tímpanos que valeram a pena.
Voltamos e fomos à uma feira de chocolate, depois comer Sonso (meu prato boliviano favorito) em uma sorveteria, por fim bater papo no terraço dum barzinho em frente à catedral. Mais um dia memorável, cheeeio e satisfatório!!!