Meus.

Meus.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Cozinheiros

Depois de uma noite de pôquer com a Carolina e mais alguns amigos brasileiros, saí da cama 12hs (saí da cama porque acordar de fato só lá pelas 17hs) pra ir pro espanhol com a Carolyn. De quinta 22/07 até quarta 26/07 ficamos sem o Anthony, que foi pra Buenos Aires pra renovar o visto, portanto a Carolyn tornou-se a responsável por ver qual ônibus deveríamos pegar, prestar atençao no caminho pra sabermos onde descer... Tarefa difícil pra ela, que nao tem um senso de direçao muito aguçado, entao descemos umas 5 quadras antes pra nao correr o risco. A aula em si foi rapidíssima, creio que uns 25 minutos ao invés das 2hs usuais, porque além das formalidades das aprensentaçoes e o bate-papo sobre o Brasil e suas maravilhas , que rendeu uns tantos de minutos, saímos mais cedo pra irmos à casa da Anita, uma amiga do professor - Hugo - que organiza os ingredientes das comidinhas mais típicas a fim de que nós, os estrangeiros, cozinhemos!
Uma pausa, pois Hugo é digno de um parágrafo. Boliviano dos mais nativos, tem traços bem marcados, de longe se vê sua origem, nasceu às beiras do Titicaca, bem como toda sua família. Viajou todo o mundo, fala inglês e português perfeitamente e é um grande entusiasta de sua cultura. Oferta sua casa como host para estrangeiros de passagem por Santa Cruz, mora em um bairro afastado, pobre, chama de 'sua comunidade' e sempre dá um jeito de 'encaixar' aqueles hospedados com ele em algum trabalho voluntário. Uma pessoa marcante (nao achei uma boa traduçao para remarcable, que o definiria melhor).
Bom, voltando, compramos ingredientes e fomos à casa da Anita e lá estavam - cobertos de farinha e com as maos cheias de massa de empañadas - Jack e Stuart, dois mochileiros que estao aqui por alguns dias. Nao viajam juntos, viajam sozinhos, mas pararam pra ficar na casa do Hugo - ou dos parentes do Hugo, nao sei ao certo, é tanta informaçao que nao absorvo tudo. Ao colocar os pés na cozinha já ganhamos um avental, Carolyn se empolgou toda e começou a preparar a massa, eu (cansadérrima) dei duas mil e quinhentas desculpas, mas nao adiantou... Quando vi estava dando forma aos Panes Dulces. Foi bom, nos quatro liberamos a criatividade nos paezinhos acabou ficando bem diversificado, encontrava-se desde coracoes ate jacares. E muito!!!!! (escrevo na quinta e ainda temos sobras que trouxemos pra casa).Carolyn feliz da vida.

sábado, 17 de julho de 2010

A primeira semana.

A chegada e a adaptaçao

Com tao calorosa recepçao no aeroporto, o cansaço quase desapareceu, ao encostar a cabeça no travesseiro, dormi feito uma pedra! Simplesmente apaguei e isso nao é normal em lugares novos creio que para ninguém, mas, novamente ressaltando o cansaço, fui que fui pro mundo das fadinhas do sono. Acordei meio dia, sem nem idéia do que faria, se tinha sido um problema ter dormido tanto, se era verdade que viriam me buscar para almoçar. Fui ao banheiro e rumei à cozinha onde encontrei Anthony e Carolyn - meus companheiros de casa e de trabalho - prestes a almoçar. Estava também na cozinha a Señora, pessoa que faz nossa comida e (incrível e maravilhosamente) lava nossas roupas. Meio sem jeito sentei-me à mesa, imediatamente Señora colocou um prato de sopa em minha frente, mais sem jeito ainda comi, sei lá se ia almoçar com as pessoas da AIESEC como o prometido, mas fui em frente. Malmente terminei a sopa (que era gostosa, mas nada que me deixaria satisfeita, com toda a certeza) ela colocou um prato cheio de comida. Quando digo cheio nao é um pouco cheio, mas sim cheio mesmo!! Entao descobri que vou comer MUITO aqui. Durante o almoço chegou Katia, minha EP Buddy (amiguinha que vai me ajudar a fazer as coisas) e me levou ao centro para trocar dinheiro e ver se conseguia dar um jeito no celular. Consegui uma boa taxa de cambio e alguns dinheiros viraram muitooos dinheiros - wehee - e desbloqueei meu celular (teve o custo de perder tudo que tinha lá, o que ainda nao superei e ainda choro um pouco a noite). Regressei a casa, aguardei meus coleguinhas terminarem seus afazeres para sairmos e todos os dias seguintes tem sido assim, ando de pijama até a hora de começar a viver, como e tudo, como se em casa estivesse. A única coisa estranha que tem acontecido é que estou sonhando muito!!! Nao há uma noite que nao seja povoada por mil pessoas e situaçoes, tenho sonhado com gente que nao vejo há muito tempo, e até com o Rodrigo, meu querido que faleceu. Deve ser a saudade fazendo a festa em minha cabeça.


Multinacionalidades.

Uma das coisas mais estranhas do mundo é a sensaçao de querer falar normalmente e nao poder. Leia-se "falar normalmente" como "falar a língua mae". Morando com uma americana, um canadense e cinco bolivianos, saindo 'pra balada' com eles mais a dinamarquesa e a romena... Pufffff... Minha cabeça está pirando. Meu portunhol vira espangles, depois portugles, depois giblish aí nem eu mais me entendo, tenho que parar e respirar fundo, olhar pra quem eu to me dirigindo aí sim continuar, e tudo isso com a sensaçao de 'caramba, como é fácil falar português!'. Mas vale a pena conhecer toda essa gente, as diferenças culturais sao um sarro. Sábado foi nossa festinha de boas vindas, minha, das outras duas brasileiras (a Larissa e a Carol) e da dinamarquesa (a Louise) e foi super divertido ver como todos 'fazem festa' de formas diferentes, alguns dançando frenéticamente, outros enchendo a cara sozinhos e em silêncio, outros só observando, balançando a cabeça no ritmo da música... No domingo fomos a um pub irlandes, os trainees, uma canadense que está de passagem por Santa Cruz, ficará só por duas semanas, e três bolivianas, aí em um certo momento comecei a conversar com as brasileiras e percebi de fato porque todo mundo diz que brasileiro é inconfundível!!!! Nós somos estridentes!!!! Nós falamos alto e gesticulamos pra tudo qué lado!!!! E o mais diferente de tudo: somos extremamente pessoais!!!! Falamos coisas pessoais sem medo de nos expor, e isso é definitivamente o que nos diferencia do restante do mundo!!!!

Dinamarca, Brasil, Brasil, Bolívia, Brasil.


A saga do transporte público.

Em Curitiba nunca cansei de reclamar dos ônibus! Do Inter 2 que demora mil anos pra chegar, do Santa Cândida/Capao Raso que vive cheio, dos atrasos e coisas assim, mas agora eu os amo amo amo de paixao!!!!!!!!!!!!!! Nao é impossível se locomover por aqui de ônibus, mas é uma situaçao absurdamente desorganizada!!!!!! Primeira e mais louca coisa: nao tem campainha pra parar. As pessoas simplesmente pedem ''señor, pare por favor'' e ele pára. Sim, parece bonitinho, educadinho, delicado, mas é um saaaaco porque - e isso nos leva à segunda coisa louca - nao existem pontos!!! As pessoas sobem e descem onde querem, e isso pode ser bem longe ou a dois passos da última pessoa que desceu!!! Um dia estava chovendo, foi o caos. As senhorinhas nao querem andar um passo, vinte minutos pra dez metros. E os táxis também nao sao tao grande coisa, nao têm taxímetro! O preço se combina antes de entrar nele e sempre se pechincha, entao a corrida pode variar de 10 a 20 bolivianos, dependendo do seu poder de persuasao e de convencer o motorista de que você nao é estrangeiro - porque isso faz toda a diferença do muuuundo por aqui.

Vínculos.

Pra quem é meio geek como eu e já assistiu seriadinhos americanos enlatados como Felicity, Dawson's Creek e Gilmore Girls, é familiar com o termo, roommate: companheira de quarto. É isso que é a Carolyn!!!! De Chicago, estuda na Universidade de Illinois - a qual ela mesma rotula como sendo bem estilo American Pie - estadunidense típica e muito gente boa mesmo!!!! Ela fala rápido e com gírias bem regionais, o que sempre me faz rir bastante, ela fica com vergonha, e descobri que uma das coisas mais divertidas é deixa-la com vergonha!!! E como 'housemate' tem o Anthony. Um figura!!! Canadense descendente de chineses, lembra o Jacob dos filmes do Crepúsculo, fala espanhol melhor do que eu, aprendeu rápido pra caramba... Nos primeiros dias, devido ao frio, ficamos bastante em casa, conversando. Sao muito fáceis de gostar, os dois.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Umas historias dos últimos dias.

Um trajeto que poderia ter sido tranquilo.

Sao Paulo, 13 de julho, 17:05. Chovendo, saímos de casa eu, minha prima Flávia e minha mãe rumo ao túnel do Anhangabaú buscar meu primo. Eu ao volante pela segunda vez naquela cidade, pela primeira vez com aquele carro e tempo: uma garoa insistente. Todas tranquilas até o momento em que o carro começou a falhar, o que acontecia? Ninguém sabia... Morreu uma, morreu duas - em plena 23 de maio lotadíssima - e depois nao acelerava, mesmo quando enterrava o pé no acelerador. "Ok, nao posso ser tao barbeira assim", pensava eu, "se cheguei até aqui bem, sem nenhum problema, porque diabos começou a falhar?", ligamos para o Gustavo, dono do carro, que delicadamente nos informou: "tem que mudar para gás, acho que vocês acabaram com a gasolina"!!!!

Traquinagens no aeroporto.

Após mudar para o gás o carro começou, milagrosamente, a funcionar direito!!! Tanto que corri um pouquinho, pra recuperar o tempo perdido, mas minha mãe se apavorou, começou a prestar atençao no velocimetro e... Perdemos a saída para o túnel, ponto de encontro com o Gustavo. Ele veio a pé até nosso encontro, feliz da vida, claro. Quando achamos que mais nada poderia dar errado, não menospreze a força de Murphy em dias de pressa. Engarrafamento monstro no caminho para Guarulhos!!! Chegamos lá depois de 1h30m. Corri para o check-in, desnecessariamente (faltavam ainda duas horas), comemos, comprei presentinho de aniversario pra papá e troquei mais dólares. O pior foi a despedida. Mas nao chorei, me segurei porque é um momento feliz, nao posso me deixar levar pelo tempo que agora parece muito.

Um vôo de matar... de raiva!

Feliz da vida depois de passar pelo raio-x e pela polícia federal, fui trocar os quilos de moeda que tinha e obviamente seriam inúteis por aqui, comprei a garrafa de água mais cara do mundo inteiro e fui pra sala de embarque. Passa uns minutinhos, hora de embarcar. Pego minha passagem olho, 31C, nao tenho a minima ideia de onde seja entao vou lentamente procurando. E qual minha surpresa ao descobrir que é simplesmente o pior lugar de todo o aviao!!! Ao lado da 'cozinha' e no corredor. Putamerda, viu. Xinguei a última geraçao da agencia de viagens, mas sentei-me e resignei-me. Chovia em Guarulhos, nao muito forte, mas o suficiente pra tornar a decolagem uma experiencia de quase morte, nunca senti tanta turbulência!!! Mas passou e aterrisamos em Campo Grande com segurança, quer dizer, vivos porque o pouso foi muito forte! Um solavanco, mas nem liguei e continuei ressonando, sem a mínima intençao de sair do lugar, já que 1) fazia 5 graus lá fora e 2) era somente uma parada para conexao, nao necessitariamos descer, peroooo novamente o impagável Murphy entrou em açao e aquele solavanco da aterrisagem quebrou alguma coisa ou estourou um pneu, nao prestei atençao quando falaram, entao tivemos que desembarcar. Sim, cabe um putaquepariu nesse momento. O atraso que seria de 20 minutos transformou-sem em 2 horas e meia, exatamente o tempo suficiente pra começar a chover em Campo Grande tambem e, com isso, transformar a decolagem novamente em uma experiencia de nervos a flor da pele.

Burocracias nao burocraticas e a recompensa.

Depois de tudo isso, com o pescoço travado e cansada como nunca, cheguei em Santa Cruz. IEIII!!!! Mas nada de iei ainda, pois a fila da aduana era de dar a volta na quadra. Com uma mochila nas costas que continha todos os meus sapatos, que nao sao um ou dois, e uma bolsa no ombro que continha tudo que nao pode quebrar, ou seja, perfumes e cremes de meio quilo cada um, esperei cerca de meia hora para chegar minha vez, depois disso ainda abriram minha mala e reviraram-na inteira!!! Oh my fucking god!!! Durante o vôo recebemos varios formularios, as aeromoças nos disseram que era de suma importância te-los preenchidos, que teriamos que entregar para o oficial da polícia federal, mas qual minha surpresa novamente que quase saindo fui perceber que estava com os tais dos formularios!!! Pensei "oh céus, vao me prender se virem que saí com isso" e voltei correndo perguntando a todos que passavam por mim para quem deveria dar, mas ninguém tinha nem idéia, entao uma idéia louca me passou pela cabeça: e se eles nem sabem que existem esses formulários?? Aí furei fila e fui até o oficial que me atendeu e adivinhem... Ele nao sabia que existiam os formulários!!!!!!! Disse que poderia ser uma coisa nova da embaixada, mas que até o momento nao tinha recebido nenhuma ordem para recolhe-los, portanto nao os quis!!!!!!!!!!! Nao que seja uma obsessao minha os tais dos papéis, mas poxa, sacanagem botarem tanta pressao com o negocio que nem está em vigor ainda. Mas, quando já achava que a nuvem negra que estava me acompanhando desde a tarde, tendia só a aumentar, vi a luz no fim do túnel: um grupo de pessoas me esperando, no frio e mesmo depois das duas horas e meia de atraso!!!! Com uma faixa - onde meu nome estava errado - um chapéu típico e uma sacolinha com coisas típicas!!!!!!!
Isso fez, realmente, tudo valer a pena e me deixar mais feliz do que nunca de estar aqui!!!!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Post com cara de twitt.



É hoje o dia! Partirei do Brasil, chegarei na Bolívia. Semana perfeita. Aniversário de um ano da Gabriela. A festa foi uma graça, a Espanha foi campeã, a peça de domingo foi maravilhosa, os reencontros foram bem legais, as primas continuam melhores amigas! É isso aí. Me voy!!!


domingo, 4 de julho de 2010

Sobre ganhos e perdas [ou: sobre a transitoriedade]

Ontem foi a festa de despedida. Ok, uma reunião de amigos para dizer 'até logo', já que - quase todos - estarão aqui quando eu voltar. O problema é que tem uns que não estarão, pela probabilidade são os que eu nunca mais verei, e foram esses que me deixaram com a pior sensação dos últimos tempos: a de, irreversível e inevitável, perda!

Esse tempo todo fiquei concentrada no tanto que vou ganhar e é lógico que essa é a única forma correta de encarar essa nova jornada, porém ontem eu parei e pensei a respeito das coisas de que vou abrir mão, e doeu. Freud já dizia da transitoriedade, de como a vida é uma sequência de fatos efêmeros, de curta duração. Vários terapeutas comportamentais falam da importância do desenvolvimento de uma resiliência interior para poder lidar com essa efemeridade toda. Quando digo algo sobre coragem de viver, de sair e se expor, falo também da coragem de perder. Puta que pariu, a gente perde o tempo todo!!!! E puta que pariu, dói pra caralho!

Acho que na verdade esse pessimismo todo é por conta dum coração partido, claro, eu e minha mania de me envolver no pior momento com a pessoa mais incerta. Tenho dessas, todo mundo deve ter dessas né, de se jogar de cabeça nas coisas mais contra-indicadas. Eu me jogo e foda-se, e sabe que por um lado não tem problema não. Meu coração tá doído agora, é verdade, mas que gostoso que é sentir!!!


Vou me encapar agora de uma atitude positiva, ok. Minhas roupas estão todas ali em cima da cama, precisando ser colocadas dentro da mala, portanto eu vou colocá-las na mala, pois é assim que tem que ser. Vai ser tão bom fazer isso. Obrigada a todos que foram ontem e fizeram a festa mais feliz que uma despedida pode ser, às minhas gêmeas-separadas-no-nascimento que me deram colo. Obrigada às meninas que foram almoçar comigo e com a minha família, obrigada a quem só fala comigo por internet, obrigada a quem me disse palavras de apoio (não tem preço saber que alguém sente orgulho de você). Obrigada amizade veeeelha que voltou à ativa ontem. Obrigada a quem fez esse 'estrago' em mim nas últimas 3 semanas - foi um excelente estrago. Enfim, obrigada a todos: os pelos quais eu vou voltar e os que vou levar no pensamento eternamente!