Meus.

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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

La carretera de la muerte!!!!

Na altiva cordiheira dos Andes Bolivianos encontra-se a espetacular e vertiginosa Estrada dos Yungas popularmente chamada de Estrada da Morte. É estimado que morrem em torno de 300 a 350 pessoas anualmente em acidentes ao longo de seus 64 quilômetros de percurso com 3.600 metros de desnível. Outra característica muito conhecida são as "Santas Cruzes" ao longo da "pirambeira". Cada uma significa que um automóvel rolou morro abaixo. Hoje em dia ciclistas do mundo inteiro aventuram-se ladeira abaixo, desfrutando uma das mais belas vistas do mundo.

Seis e meia da manhã. Acordei com meu despertador naquele sábado de 11 de setembro, acordei e olhei ao redor: os meninos também acordando, acordei um pouco cansada ainda pela viagem do dia anterior, mas acordei já pronta pra viver aquele dia em que iria descer a estrada da morte!!! Um arrepio rápido me congelou por uns dois segundos quando lembrei desse detalhe, mas passou devido à minha imprudência maior do que o bom senso, então levantei.

O quarto lotado, eu mais treze, Adam e Julien e onze desconhecidos, desses um bandinho 'banduleiro' de australianos que chegou uns minutos antes de levantarmos. Fazia frio, corri prum banho rápido, coloquei a roupa que escolhi na noite anterior e fomos correndinho, pois o Julien ainda tinha que sacar dinheiro. Chegamos no local estabelecido, todos os outros do tour já tomando seus cafés-da-manhã: um alemão e sua namorada francesa, uma argentina e uma curitibana (quais são as chances) completavam o grupo. O grupo que estava fadado a viver ou morrer naquele sábado fatídico para a história do mundo, o grupo que estava com suas horas contadas, caso um mínimo deslizamento de pedras estivesse previsto nos planos do articuloso 'deus das pedras rolantes', o grupo que... bem, exageros a parte, iria descer de bicicleta um caminho íngrime.

O caminho até o início do tour foi colina acima de La Paz, portanto um espetáculo a parte! As ruas estreitas, olhando pro lado a cidade lá embaixo, super lá embaixo, uns 200m. Mercados com frutas, carnes, peixes, roupas e fetos de lhama espalhados, as tradicionais 'cholas' com suas roupas características atravessando em nossa frente de repente. Aos poucos a cidade foi acabando, em seu lugar as casinhas apartadas umas das outras, com os campesinos iniciando outro dia novo, tudo isso com uma das mais incríveis vistas ao fundo.

Uma hora até o local certo para iniciar a descida, pára, coloca o equipamento, tira fotos e mais fotos, de repente: tudo pronto! ''Aijesuiscristo, to com medo'', mas era tarde demais pra isso, vambora que tá na hora!!! E fui!!! No comeco era uma estrada normal, tínhamos que cuidar apenas com os carros que vinham. Parávamos a cada 10 ou 20 minutos pra descansar. Um vento gelado e forte no rosto o tempo todo, uma sensacao louca e indescritível, de estar descendo rápido uma estrada, olhar pra direita: montanha, olhar pra esquerda: montanha. Uma mais linda do que a outra, com neve no topo, altas. Chegamos no posto de polícia, pausa pra xixi, água, banana, chocolate, relaxar porque agora sim o bicho vai pegar. Nesse trecho nao vamos pedalando, pois é subida (viu que vida fácil), entao colocamos as bicicletas em cima da van e fomos, confortávelmente sentados por 20 minutos, até o fim da estrada nova - consequentemente o comeco da velha.

Mal descemos do carro já notei a diferenca: nada de asfalto, agora é terra e pedra. Nada de murinho, agora é cara-a-cara com o precipício (lógico né, quao mortal seria se tivesse protecao). Entao é isso, ''let's vamos'', diz nosso bilingue guia!


* As próximas 3hs sao impossíveis de descrever por meras palavras. Recomenda-se fortemente a experiencia. *

Ao final, chegamos ao hotel onde nos foi servido almoco, oferecidos chuveiros e uma enorme e gelada piscina. A temperatura transformou-se durante a descida: comecamos com 12 graus e terminamos com 33. Nao há saúde que resista, no dia seguinte malmente podia levantar da cama, tanto pela gripe quanto pela dor nas pernas. Mas no dia seguinte, um domingo preguicoso que passei perambulando por La Paz, cheguei a conclusao de que só podia ter sonhado... Nao é possível que fiz isso! Eu, a rainha da preguica, a que paga pra nao andar, a que nem bicicleta tem!!!!

Pois é, como diz a camiseta que ganhei: ''O caminho da morte: eu fiz e sobrevivi''!!!
E foi uma das melhores coisas que já fiz na minha vida!!!