Meus.

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segunda-feira, 17 de maio de 2010

"Interculturalidades"

Há muito tempo atrás, uns 16 ou 17 anos, eu resolvi que ia aprender inglês.
Estava ouvindo um cd com musiquinhas infantis que meu pai trouxe do Paraguai e não gostava de não entender o que elas diziam. Sabia que minha mãe tinha um dicionário de inglês, de capa verde, que eu sempre achei super legal por que ela colocava datas na capa dele, de diversos acontecimentos da vida dela, tipo um diário - sei de onde puxei essa loucurinha meio poética que tenho - e perguntei se poderia emprestá-lo por um tempo. Claro que ela achou o máximo, mas no fundo percebi que não botou muita fé. Estava de férias, lógico que ela não botaria muita fé...
Porém, contrariando as probabilidades, nas próximas semanas dediquei-me ferrenhamente à tradução de todas as músicas daquele cd que, até hoje, aprecio.
Foi aí que começou meu facínio por idiomas.

Capa do tal cd


O mesmo resolvi fazer, há pouco tempo, uns 3 anos atrás, com o francês. Matriculei-me no Estadual, fiz um semestre e baixei um moooonte de musiquinhas.
Carla Bruni, Pink Martini, Yann Tiersen, Edith Piaf, entre outros, passaram a ser minha trilha sonora. Tenho orgulho de dizer que: "Le unique chose que je parle très bien on française, c'est que je ne parle pas!", que significa: "A única coisa que falo muito bem em francês é que eu não falo!".


Tive, também, uma incursão no fantástico mundo do alemão. Caramba, que loucura, sério! Os caras juntam 3 ou 4 palavras inglesas e formam uma só alemã! Fica aquelas coisas enormes e extremamente difíceis de falar, com trema, 'u' com som de 'i', 'v' com som de 'f'... Enfim, uma loucura que não rolou, mas rendeu uma fase de Rammstein que meus pais odiaram!!!!

Adoro idiomas, adoro isso de traduzir as coisas, entender a partir do contexto o que significa uma palavra ou outra, mas acima de tudo, adoro conversar com pessoas de outras culturas. Foram muito legais as vezes em que tive a oportunidade de conversar com extrangeiros.
Estive com americanos, no ano passado e nesse. Trabalhei, passeei e tive até uma paixonite aguda por um deles; consegui desmistificar um pouco a imagem péssima que eles têm do Rio de Janeiro, fazer com que perdessem o medo de irem pra lá sozinhos e mostrar que aqui não se tem apenas floresta, samba e 'boazudas' rebolando.
Falei ano passado com um par de atores uruguaios interessantíssimos, que largaram a carreira de publicitários para se tornarem artistas de rua e se deram muito bem, moraram na Cidade do México, em Quito, em Campinas e agora estão em São Paulo. Conversei por horas quando estiveram aqui pro festival de teatro e, um mês depois, quando fui pra São Paulo, encontrei um deles na Av. Paulista pra uma cerveja, duas mil histórias e muita risada.
Depois de sua apresentação falei com Francis Lebarbier, um francês, palhaço de carreira, idealizador de uma companhia chamada "Les Matapeste", que deu e dá voltas ao mundo divulgando seu trabalho, de forma tão sutil, diferente do nosso jeito brasileiro. Com um olhar perdido, mas atento ao mesmo tempo ele me ensinou sobre como os franceses olham. Com uma fala mansa, eu entendi tudo o que ele disse, pois falou manso justamente para que eu o entendesse. Ao tocar "Burguesinha", fez questão de - tentar - aprender a sambar e eu tentei ensiná-lo.

Não estou dizendo que todas as experiências foram 100% alegria, mas sem falar inglês, arranhar um francês e dar um jeito no espanhol (ah é, não mencionei o espanhol antes) não poderia comunicar-me diretamente com nenhuma dessas pessoas, teria que me limitar à tradução de algum outro, dependendo de sua fidedignidade e perdendo a essência da conversa.


A linguagem é uma das principais coisas que nos diferencia dos animais, a cultura é produto disso. Apreciar culturas, pra mim, é mágico! Treino tanto minhas 'línguas' pra isso, pra no fim, entender o que se passa na cabeça de alguém que mora a milhares de quilômetros de distância de mim sem ser de lá. Mesmo quando eu puder viajar para mil lugares diferentes, só entendendo o que se diz em cada um é que poderei dizer que, realmente, os conheço.

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