Meus.

Meus.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Era uma vez a Amazônia... III

Quinta-feira, 16 de setembro de 2010.
Dois dias depoi
s do planejado, 8am.

''Tá se sentindo
bem, garoto?''
''Sim''
''Tem certeza?''
''Nao.''

''Ok, vamos.''

Café-da-manha delicioso, Adam aproveitou, comeu o primeiro, pediu mais um... Meus amigos saíram de seus quartos, por um instante, quis desistir de ir pro meio do mato cheio de mosquito, quis ficar ali conversando com eles como no dia anterior, mas nao dava. 9am chegou nosso barco!

Ah, sim, a pou
sada fica na frente dum rio que agora eu nao lembro o nome, mas é o mesmo que leva até a entrada do parque. 3 horas no barquinho, paisagem inacreditável: montanhas enormes, acidentadas devido aa chuva, com buracos em sua superfície e dentro desses buracos araras! Centenas de araras vermelhiiiinhas, por horas saíam em revoada! As condicoes mudavam tao rápido... de tranquila água marrom a violenta correnteza azul clarinha em questao de minutos, chega um ponto cheio de pedras, o barco encalha, todos descem pra um banco de areia, tem que atravessar a pé. Me fiz de tonta e fiquei ali:

''Posso ficar dentro do barco enquanto os senh
ores o retiram daqui?'' olhinhos de filhote
''Claro, señorita, fi
que!'' hihihi

Vinte minutos de
pois voltam todos, com os pés machucados - foram descalcos e o chao estava cheio de pedras pontudas - e me olhando com cara de 'que diabos, menina...'.

Ao cabo das 3 horas chegamos.

Desce do barco, caminhada até o acampamento - 1 hora e meia - chega.
Um lugarzinho particular... Árvores gigantescas cercando o acampament
o. Algumas cabanas dormitório, uma cabana banheiro e uma cabana cozinha. Almoco servido, delicioso! ''Agora é uma hora da tarde, vamos sair as duas pra primeira caminhada''.

Cabana cozinha.


Eu, Adam e dois belgas.
Eu, a sul-americana que deveria estar acostumada a fazer esse tipo de coisa, fui a única a nao levar calca comprida, e é de conhecimento-geral a idéia de que se deve cobrir o máximo possível nesse tipo de excurcao devido aos mosquitos, formigas e aranhas! Mas simplesmente nao me atentei ao fato, usava uma que cobria somente metade de minha perna. Compadecido de meu sofrimento, o belga ofereceu-me um par de meias compridas. De la. Funcionou direitinho para as picadas, mas funcionou também para deixar-me suando feito uma porca. Tres horas caminhando, uns 30 e poucos graus e eu com meias de la... Uh delícia - sem falar no charme! Ah, eu estava sexy com meu modelito.

Creio que fomos o grupo mais sortudo de todos os tempos desse tao desafortunado tour, pois supostamente nao deveríamos ver nenhum animal, porém contrariando as estatísticas vimos vários! Sentimos os primeiros, na realidade: uma manada de porcos selvagens. Seu fedor para espantar predadores resplandia por quilometros... meu asco foi tanto que soltei uma interjeicao: ''ééééca''.

''Desculpem!!! Eu juro que nao foi tao alto!!!'' eu tentando me explicar. Minha 'nao-tao-alta' demonstracao de nojo foi o suficiente pra alertar os bichinhos e tornar impossível uma observacao mais de perto. Strike 1.

Depois disso o guia comecou a 'me cuidar de perto'. Quando via algum pássaro interessante, um inseto grande ou macacos - sim, vimos um grupo enorme de macacos TOOOOMA TOUR MAIS CARO - ele olhava diretamente pra mim e fazia shhh. Consegui me comportar direitinho, pelo menos até chegarmos a um rio cheio de piranhas onde iríamos pescar!!!!

Uhuuuu, pescar!!! Wee, pescar... Pescar, eba. Aff, pescar, que tédio!!!

Uma de minhas qualidades bem de 'menininha' é a de nao saber pescar. Dez minutos lutando contra o anzol foram o suficiente pra fazer com que eu me satisfizesse com a posicao de observadora. Observei tranquilamente quando eles conseguiram pescar tres! Pobres bichinhas, pulando desesperadamente.

''Ok guys, lindo, adorei, agora vamos, coloquem-nas de volta na água!''
''Colocar na água? Tá maluca??''
''Mas ela vai morrer!!!''
''E voce come peixe vivo???'' Adam, o macho-alfa que sente prazer em matar o próprio jantar
''A gente vai comer elas??? Tadiiinhas!!!''
* ok, uma pausa pra explicacao: eu nao sou tao mala assim, estou usando de minha licenca poética pra exagerar alguns fatos. Acreditem se quiser. *
Porém, com exagero ou nao, dez minutos depois uma delas estava viva ainda, uma guerreira, uma batalhadora ''c'mon guys, ela merece vá...''. No fim das contas tivemos duas piranhas pra janta!!!
Strike 2
.

Voltamos ao acampamento, banho, janta com duas piranhas - que no fim das contas eram deliciosas, mama mia, se eu soubesse tinha matado eu mesma a terceira!!! Os outros (tinham mais 6 pessoas no grupo, mas eles estavam fazendo o tour bambambam, entao nao se misturavam muito conosco) acenderam uma fogueira, sentamos ali por umas duas horas até o guia nos chamar pra caminhada noturna.

Caminhada noturna. Isso quer dizer caminhar a noite. No meio do mato e, adivinha só, nao levei lanterna, o ingles muito menos! Pavooooor, mas vamos né. Vi gnomos, duendes e fadinhas durante a caminhada. Quase arrancava o braco do Adam ou de quem estivesse por perto quando ouvia um barulho, por menor que fosse, mas o ápice de minhas 'meninices' aconteceu quando o guia parou abruptamente em frente a um buraco no chao, buscou um pedaco de pau e comecou a cutucar! Nao tinha nem idéia do que iria sair dali, podia ser um tatu ou um elefante, pra mim dava na mesma naquele momento. Podia ser tudo, menos o que comecou a aparecer...

Uma tarantula!
Sim, AHHHHH! Vi duas de suas pernas horrivelmente pretas e peludas saindo e, adivinha? Pulei e gritei 'AHHHH'.
Definitivamente STRIKE 3!!!!
A bicha voltou correndo pra dentro e nao houve cristo que a tirasse novamente. E nao houve cristo que fizesse os meninos entenderem que foi uma reacao instintiva, que nao foi de propósito, que uma tarantula nao é tao grande coisa assim... Mas a raivinha deles logo passou e voltamos a ser lindos amigos, voltamos ao acampamento e eu fui direto pra cama. Credo, mas que noite horrível!!!! No comeco um calor infernal, no meio um frio de tremer e ao amanhecer eu nao sabia se estava suada de calor ou de febre. Sem dizer os malditos insetos que tem certamente uma passagem secreta através do mosquiteiro e as lagartas venenosas que fizeram desfile em cima da minha cabeca.

Manha seguinte exatamente o mesmo: café-da-manha delicioso, caminha e caminha, volta pro acampamento, almoca e fim. Quando dei conta o barquinho já tava ali, 3 horas de novo, dessa vez dormindo com os pés na água, sensacao deliciosa!!!

Chegamos a pousada, saudei meus amigos: o italiano e o uruguaio nos estavam esperando!
A noite mais um jantar coletivo, mais uma noite memorável com comida deliciosa, porém dessa vez mais curta, pois voltaríamos a La Paz naquela mesma noite de sexta-feira.

Só depois de entrar no ô nibus que me dei conta: nao havia pegado nem os nomes inteiros de nenhum deles, nem um email, nada!!!! Meus olhos encheram-se de água.

''É, acho que nunca mais os verei...''
''É uma pena realmente. Você passou mais tempo com eles, mas já consegui ver que eram boa gente. Sinto muito.''

Nos calamos por duas horas, até o ô nibus chegar, fomos embora em silê ncio, uma vez mais pela estrada da morte, mas agora nao tive medo, pois nao só cheguei viva ao final dessa estrada tres vezes como ganhei e ganhei muito.

Obrigada estrada da morte!

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